Estudo mostra que bancos digitalizados possuem maior flexibilidade em conceder empréstimos
Além das milhões de vítimas ao redor do globo, a pandemia de Covid-19 também gerou inúmeros impactos socioeconômicos. Em uma realidade da qual milhares de brasileiros enfrentaram o desemprego, falência de empresas e recessões, a Escola de Política Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV EPPG), localizada em Brasília (DF), analisou o papel da digitalização bancária na concessão de empréstimos durante o primeiro ano da pandemia e constatou que os bancos mais digitalizados conseguem manter o nível de empréstimos concedidos, e demais operações, mesmo em crises como a pandemia.
Para identificar este efeito causal, a pesquisa investigou como estavam os empréstimos antes e após a chegada do vírus SARS-COV2, cobrindo dados de 2019 a 2020, em cidades que sofreram com maior intensidade os efeitos da Covid. A partir daí, foi constatado que durante a pandemia os bancos mais digitalizados tiveram menos restrições para ofertar crédito do que os menos digitalizados. Ou seja, em localidades com maior intensidade de Covid-19 houve menor atividade econômica em relação aos municípios com baixa intensidade dos mesmos efeitos.
O pesquisador Benjamin Tabak, que realizou o estudo, explica que os bancos digitalizados possuem a vantagem de oferecer créditos e outros serviços de maneira online, e essa digitalização é responsável por reduzir a disparidade do acesso ao financiamento. Apesar de o estudo focar nas instituições bancárias, Tabak acredita que os resultados são válidos para outros tipos de instituições que fornecem diferentes serviços para a sociedade.
“A pesquisa comparou agências de um mesmo banco, em cidades que registraram intensidades variadas do efeito da Covid-19. Municípios da região Norte do país, sofreram mais os efeitos da doença do que os municípios do Sul, a partir daí, coletamos dados de empréstimos oriundos do Banco Central e dados de saúde para verificar quais foram as cidades que sofreram os efeitos do vírus com maior intensidade”, contextualizou Tabak, ao destacar a importância de desenvolver o setor de Tecnologia da Informação (TI) no setor bancário.
De acordo com Tabak, os bancos mais digitalizados foram mais resilientes, em um momento delicado como a pandemia em que houve diversas restrições de movimento, as instituições precisam resistir mesmo com os desafios financeiros de demissões em massa, salário reduzido, entre outros. “A digitalização traz mais vantagens competitivas aos bancos, possibilitando que um indivíduo obtenha serviços financeiros e solicite crédito sem precisar sair de casa”.